Ciclo de Seminários "Arte, Cidade, Inclusão e Participação"
Este ciclo de seminários foi promovido pela equipa do projeto INSPIRE – Intersectional Spaces of Participation: Inclusive, Resilient, Embedded, financiado pela Comissão Europeia (2024-2027), no âmbito do qual o ICS é parceiro. O projeto propõe, através do uso de métodos criativos, a co-criação de espaços participativos e inclusivos a partir das experiências de grupos marginalizados em diferentes contextos urbanos.

Uma das principais atividades da equipa do ICS é o desenvolvimento de uma investigação participativa com pessoas com deficiência na cidade de Lisboa, através da experimentação de novas abordagens artísticas. Em colaboração com a equipa de performers Diana Niepce, Inês Cóias e Mia Meneses, será utilizado o Teatro Legislativo como base para a identificação de problemas e formulação de propostas legislativas em torno da deficiência. O projeto culmina com a performance "Reunião”, a 29 de novembro de 2025, com a presença de decisores políticos e outros atores relevantes para a transformação de práticas dominantes sobre a deficiência, acessibilidade e inclusão urbana.
Com o propósito de abrir a discussão à comunidade académica acerca dos temas fundamentais e sensibilizar o público geral sobre o nexo entre (i) arte e cidade, (ii) cidade e inclusão, (iii) inclusão e participação.
[04/06/2025]
Arte e Cidade
Oradores: Chiara Pussetti (ICS), Ricardo Campos (NOVA-FCSH), Nicole Sánchez e Sara Malta (Coletivo Mais Uno +1)

Este primeiro seminário foi organizado numa parceria RIGOP e DIVERSIDADES, dois grupos de investigação no ICS. O tema deste seminário prende-se a relação entre arte e cidade. Partindo das práticas do coletivo Mais Uno +1, a discussão centrou-se na forma como a arte pode dar visibilidade a realidades marginalizadas e abrir espaço para o reconhecimento de artistas excluídos dos circuitos institucionais. De seguida, a Chiara e o Ricardo ajudaram-nos a enquadrar estas práticas a partir da sua investigação sobre intervenção artística com destaque para a arte urbana.
Será a arte capaz de dar corpo às “margens” da cidade?
É com esta pergunta que debatemos para abordar criticamente a arte como forma de contestar e redesenhar as fronteiras sociais e espaciais da cidade. Arriscamo-nos a dizer que o que mais nos interessa debater hoje é o valor político da arte, partindo do próprio significado de política e da sua relação íntima que tem com a cidade. Não podemos falar de política na cidade sem repensar o paradigma dominante nos modelos de desenvolvimento urbano que exige, há décadas, cidades em competição onde a arte desempenha por vezes tanto um papel cúmplice como de resistência. Assim, é a arte urbana que nos interessa discutir, e a arte que todos podem reivindicar para dar corpo à sua liberdade.
Assista ao seminário aqui:
[05/06/2025]
Cidade e Inclusão
Oradores: Fabio Bertoni (ICS), Paula Pinto (ODDH/ISCSP), Cintya Floriani (CET)

Este segundo seminário foi organizado numa parceria RIGOP e SHIFT, dois grupos de investigação no ICS. O tema deste seminário centou-se na relação entre cidade e inclusão. Partindo da experiência da Cintya Floriani com pessoas cegas em teatro, a discussão centra-se na forma como a cidade consegue ser inclusiva, com um foco nas deficiências e, portanto, nas dinâmicas urbanas de exclusão das mesmas. De seguida, Paula e Fabio auxiliaram-nos a problematizar as formas de exclusão e de apropriação que acontecem nas cidades, questionando de que modo pode a “norma” ser desconstruída.
Será a cidade capaz de incluir quem foge à “norma”?
É com esta pergunta que guiamos o seminário para abordar criticamente de que forma o modelos de desenvolvimento urbano atual e as escolhas políticas e a nossa vivência diária torna a vida de grupos com outras necessidades um périplo de barreiras. As deficiências chamam necessariamente a nossa atenção para debater como a força centrífuga de uma cidade contemporânea projetada para o mundo agrava a densidade das margens na nossa sociedade. É interessante utilizar a prática desenvolvida pela Cintya como um entre muitos pontos de partida para refletirmos sobre estas dinâmicas e desconstruir em conjunto o que precisamos fazer para, enquanto investigadores e cidadãos, desconstruir o entendimento de “normalidade”, seja nas práticas artísticas, seja nas práticas diárias que fazem da cidade um palco de ação e reivindicação política.
Assista ao seminário aqui:
[06/06/2025]
Inclusão e Participação
Oradores: Sofia Ribeiro (ICS), Susana Batel (ISCTE), Francisco Araújo (Os 230)

Este terceiro e último seminário foi organizado numa parceria RIGOP e LIFE, dois grupos de investigação no ICS. O tema deste seminário é a relação entre inclusão e participação. Partindo da experiência de Francisco Araújo na criação e gestão da iniciativa Os 230, a discussão centrou-se na forma como diversas formas de participação conseguem ser inclusivas. No nosso projeto, o foco é em pessoas com deficiência, mas aqui interessou-nos abrir a discussão a partir dum entendimento mais vasto e diversificado do conceito de exclusão que motiva, aliás, a procura de novas formas de participação. A seguir, Susana e Sofia auxiliaram-nos refletir mais aprofundadamente sobre a tensão entre exclusão e inclusão a partir da sua investigação que envolve a participação de grupos da sociedade frequentemente marginalizados e invisibilizados.
Será a participação capaz de rimar com inclusão?
É com esta pergunta que iniciámos o seminário para discutirmos experiências de participação inclusiva e exclusiva, num contexto marcado por fraturas sociais e territoriais profundas. Os nossos oradores permitem aliás olhar para formas de participar que abraçam formas mais ou menos institucionalizadas, mais ou menos territorializadas e mais ou menos caracterizadas por questões que tocam a determinados grupos sociais. Em que medida o nosso compromisso cívico com a prática e o estudo de uma participação mais inclusiva permite tornar as decisões mais acessíveis e representativas de grupos sub-representados, moradores de territórios periféricos e jovens. Queremos, com este seminário, fechar este primeiro conjunto de seminário para voltarmos a pensar a forma com que os métodos participativos aplicados na cidade podem e devem criar espaços inclusivos de debate com impacto na tomada de decisões.
Assista ao seminário aqui:
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